terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Espiritismo

Ai, o espiritismo e tudo isso. Médiuns, e por aí fora. Ai, Conan Doyle, que criaste um génio no papel, mas eras tão crédulo...

Vejam os comentários por aqui: http://exameinformatica.sapo.pt/noticias/hardware/2013/02/26/bosao-de-higgs-ajuda-a-calcular-fim-do-mundo. (Obrigado ao Luís Soares pela dica, na página do Facebook do vosso Caçador.)

O argumento do defensor do "espiritismo" é que ele ajuda muita gente e, por isso, o espiritismo é verdade. Pelo menos, é isso que se depreende.

Depois, defende que o espiritismo se baseia em factos reais. Também posso dizer aqui que já vi fadas, que me baseio em estudos científicos e que as fadas ajudam muita gente. Nada disso leva a que as fadas passem a existir realmente.

Não vale a pena entrar em grandes discussões, mas dois pontos a reter:

A) Quem apresenta uma hipótese pouco plausível é que tem o ónus de apresentar estudos científicos credíveis que justifiquem essa teoria. Esses estudos devem seguir o método científico, serem replicáveis, e sujeitos a toda uma carga de testes e experiências que nos permitam considerar a teoria como válida (até melhores teorias a ultrapassam, como sempre acontece). A hipótese "existem espíritos que comunicam connosco através de pessoas com capacidades especiais" contradiz tudo o que a física e a ciência em geral tem validado nos últimos séculos.

B) A ciência tem, por outro lado, explicações plausíveis e testadas sobre o porquê de tanta gente acreditar nestas hipóteses não científicas. Ou seja, o argumento "mas eu já vi!" não vale de grande coisa.

Por último, nada disto significa que quem acredita nestes disparates esteja de má-fé ou que não ajude pessoas ou que esteja a cometer uma fraude. Significa apenas que não sabe o que é a ciência e que tem ideias erradas, o que é muito comum.

Um conselho a todos os que acreditam nestes disparates: não é por gritarmos mais alto: "o Espiritismo existe" que ele passa a existir. Tal como também não é por gritarmos que ele não existe que ele deixaria de existir. Entre os factos e as nossas ideias sobre eles pode ir uma grande distância. Nunca podemos ter certeza de nada, mas podemos ir descartando hipóteses falsas. Para tal, a humanidade inventou o método científico, que se não for a maior invenção da história, estará lá perto. Sobre o que é esse método, falarei mais tarde. 

Uma pergunta honesta: querem acreditar no espiritismo, ponto final, independentemente dos factos, ou querem chegar a alguma conclusão sólida?


Fonte da foto: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/a/a4/Alan_Kardec_1.jpg

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